Usada pelas grandes empresas para reduzir a folha de pagamento, a terceirização tem impacto negativo para os trabalhadores. Ao ficar sob a responsabilidade de empresas menores, os funcionários são mais expostos a violações como exploração de trabalho análogo ao escravo, calotes de salários, riscos à sua saúde e jornadas excessivas.
Casos assim devem se multiplicar caso o Congresso Nacional aprove o Projeto de Lei 4.330, que pretende abrir as portas para qualquer tipo de terceirização. Atualmente, só é permitido subcontratar empresas para a execução de atividades secundárias, como a limpeza ou manutenção de máquinas. Se a lei for aprovada, as empresas poderão terceirizar toda e qualquer atividade.
Selecionamos reportagens publicadas pela Repórter Brasil nos últimos dois anos sobre o assunto que mostram as consequências da terceirização para o trabalhador. Veja abaixo:
Terceirizados da Petrobras não recebiam salários
Empresa subcontratada atrasava e deixava de pagar salários e verbas rescisórias. O Ministério Público do Trabalho levantou que 50 terceirizadas no setor de petróleo possuíam ao menos cinco demandas cada na Justiça do Trabalho local. Algumas respondiam a centenas de processos. (Foto: Agência Brasil)
Volkswagen mantinha trabalhadores até 30 dias sem descanso
Funcionários trabalharam sem descanso semanal, além do excesso de horas extras. A montadora foi condenada por terceirização ilícita de atividade-fim por contratar empresa que abastecia as linhas de produção. (Foto: Comunicação Volkswagen)
Bob’s usa trabalho escravo durante o Rock in Rio
A rede de lanchonetes levou ao evento, no Rio de Janeiro, trabalhadores de outros estados sem providenciar alimentação ou alojamento. Contratados por uma terceirizada, eles ficaram em casas sem saneamento básico. A fiscalização resgatou 93 vendedores em condições análogas à de escravo. (Foto: SRTE/RJ)
Maior produtora de açúcar e etanol do mundo é condenada por terceirização ilegal
Motoristas dirigiam 12 horas por dia, 7 dias por semana, sem o direito ao descanso semanal remunerado. (Foto: Agência Brasil)
Cemig usava 179 trabalhadores em condições análogas às de escravos
Empresa controlada pelo governo de Minas Gerais terceirizou serviço que exigia jornadas exaustivas de trabalhadores responsáveis pelo reparo e construção da rede elétrica. Eles não tinham água potável, banheiros ou lugar para comer. (Foto: Divulgação/SRTE-MG)
Companhia aérea terceirizava embarque e check-in
A Air China terceirizava os serviços de atendimento aos passageiros. Segundo a decisão judicial, as empresas “desaparecem da noite para o dia deixando desamparados centenas de empregados” (Foto: Wikimedia)
Costureiros da Renner eram submetidos a trabalho escravo
Bolivianos que trabalhavam para empresa terceirizada viviam sob condições degradantes, cumpriam jornadas exaustivas e estavam submetidos à servidão por dívida Foto: (Igor Ojeda)
Telemarketing cronometra até o tempo para o banheiro
Operadora terceirizada do Bradesco, Citibank, Itaú, Santander, Net, Oi e Vivo controlavam seus funcionários ao ponto de proibir a ida ao banheiro. Alguns desenvolveram síndrome do pânico e infecção urinária. (Foto: divulgação SRTE)
Trabalho escravo na Vale
Motoristas que trabalhavam dentro de mina da Vale não tinham acesso a banheiro ou água potável. Eles cumpriam jornada exaustiva e foram ameaçados de demissão quando reclamaram seus direitos
Anglo American flagrada com haitianos em regime análogo ao escravo
Cem haitianos foram resgatados da mineradora. Grupo de imigrantes vivia em alojamento em condições precárias. A comida fornecida era de baixa qualidade e alguns trabalhadores tiveram hemorragia no estômago (Foto: MTE)
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