Roteiro referente ao programa Trabalheira #9: O chefe pode te vigiar até em casa?
Carlos Juliano Barros
Oh… Ana, demorou um bocado, mas finalmente a gente tá de volta, hein? Aleluia!
Ana Aranha
Caju, eu vou confessar que tava com saudade desse seu “Oh… Ana”. Tava sentindo falta dos nossos papos…
Carlos Juliano Barros
Eu também tava com saudades, Ana! E, agora que a gente tá de volta com a segunda temporada do Trabalheira, você vai ter que me aguentar por esse e mais cinco episódios!
Ana Aranha
E pra quem tá chegando agora esse é um podcast que fala sobre o futuro do trabalho. Aqui a gente mistura um monte de referências – de história, direito, economia, cultura – pra deixar a conversa mais leve e interessante. A gente tenta ao máximo fugir do formato daquelas matérias cheias de dados complicados e passamos bem longe daqueles textos motivacionais de rede social sobre tendência de mercado. E, fora uma piada ou outra que não funciona, até que tem dado certo… Em 2020, o Trabalheira foi eleito um dos destaques do ano pelo Spotify!
Carlos Juliano Barros
Que orgulho, Ana! E já que você falou em cultura, e só pra não passar batido, posso fazer um comentário rápido sobre a música que abriu o programa de hoje?
Ana Aranha
Pode, claro. Mas, pra ser sincera, achei meio clichê esse “Aleluia”, hein, Caju?
Carlos Juliano Barros
É meio clichê mesmo – admito! Mas tem uma razão pra isso. E já já vai ficar claro. Antes disso eu preciso dizer que essa música é do George Frideric Handel, um compositor que nasceu na Alemanha, mas construiu a carreira e a vida na Inglaterra. A primeira vez que tocaram “Aleluia” em público foi na páscoa de… 1742.
Ana Aranha
Outra era… antes de cortarem a cabeça do rei, da revolução industrial…
Carlos Juliano Barros
Pois é… E a “Aleluia” faz parte de uma obra maior do Handel, que ele compôs pra narrar a vida completa de Jesus. Reza a lenda que o rei da Inglaterra, George II, ficou tão emocionado ao ouvir “Aleluia” pela primeira vez que ele se levantou no meio do concerto. E a partir daí virou tradição ficar de pé durante a execução dessa música. No primeiro verso, o coro canta o seguinte: “Aleluia! O Senhor Deus onipotente reina”. Na versão original, em inglês, a letra é: “for the Lord God Omnipotent reigneth”. Veja se você consegue entender Ana…
Ana Aranha
Nossa, impossível entender! Aliás, eu não imaginava que essa música fosse em inglês. Jurava que era, sei lá, em latim…
Carlos Juliano Barros
Eu também não tinha a menor ideia.. Mas pegando o gancho da letra da música, e trazendo a bíblia pro nosso papo, você sabe que o Deus cristão é onipotente, mas também é onipresente e onisciente. Ou seja, ele é todo poderoso, ele está em todos os lugares e ele sabe de tudo! E isso tem tudo a ver com o tema do nosso episódio de hoje, Ana: vigilância no trabalho.
Ana Aranha
Nossa, cê foi longe, hein. Mas saquei… E acabei lembrando também daquela ideia do trabalho como uma espécie de Deus, cultuado por todo mundo, da esquerda à direita – dos nazistas na Alemanha aos bolcheviques na União Soviética. A gente falou disso no terceiro episódio da primeira temporada. Pra quem quiser ouvir, o título do programa é “Será que ainda vamos trabalhar menos?”
Carlos Juliano Barros
Bem lembrado, Ana! Mas, voltando ao episódio de hoje, o raciocínio é o seguinte: se as pessoas cultuam o trabalho como uma espécie de Deus (e aí vamos lembrar de ditados como “Deus ajuda a quem cedo madruga”), não é de se estranhar que o trabalho seja cada vez mais vigiado por sistemas onipotentes, onipresentes e oniscientes. Só que agora a gente tá na era dos robôs, dos algoritmos e da inteligência artificial. E o que tem de software por aí – Time Doctor, Inter Guard e Tera Mind – pra controlar absolutamente tudo o que o funcionário faz no computador dele – desde monitorar que programas ele usa até detectar se ele pluga um equipamento qualquer na entrada USB – olha… até Deus duvida!
Ana Aranha
E nesses tempos de pandemia, em que tantos levaram o trabalho pra casa, fica bem tênue o limite entre controlar a produtividade de um funcionário e brincar de Deus, né?
Carlos Juliano Barros
Que meda!
Ana Aranha
E com essa nota de esperança damos as boas vindas ao primeiro episódio da segunda temporada do Trabalheira, um programa da Rádio Batente, a central de podcasts da Repórter Brasil. Eu sou a Ana Aranha!
Carlos Juliano Barros
E eu sou o Carlos Juliano Barros, o Caju. Estamos nas principais plataformas de áudio! Segue a gente por lá! E só pra vender um outro peixe, acessa o nosso site: reporterbrasil.org.br/radiobatente. Lá tem a transcrição do programa e também uma lista das referências que a gente cita aqui ao longo da conversa.
Vinheta
Fabrício Barilli
Eu sou programador e como entendo de programação eu fui atrás. Como é que foi a pesquisa? Primeiro, eu tinha um objetivo: detectar sinais de sonolência. E aí fui fazendo a pesquisa de como captar esses sinais de sonolência.
Ana Aranha
Esse é o Fabricio Barilli – além de programador, ele é mestrando da Unisinos, no Rio Grande do Sul.
Fabrício Barilli
O que eu tinha de viável pra fazer era monitorar a piscada da pessoa. Então fui pesquisar softwares disso e eu encontrei um russo. E foi bem na época da Copa do Mundo na Rússia. Encontrei um software russo em Python, um algoritmo muito bom pra reconhecimento de padrões, reconhecimento facial, face tracking que chama… e aí eu peguei de todo o código dele só o tempo da piscada. E ele botava quatro pontos nos olhos. Dois pontos pra cima dos olhos. E dois pontos pra baixo dos olhos. E ele acompanhava a pálpebra. Quando esses pontos estavam próximos, significava que o olho estava fechado. E aí eu contava quantos segundos ficava com o olho fechado.
Ana Aranha
O Fabrício criou um software pra detectar sinais de sonolência a partir de um algoritmo que usa a câmera do computador pra mapear o rosto de uma pessoa.
Carlos Juliano Barros
Que doideira! Agora, essa tecnologia pode ser muito útil na indústria automobilística, né? Pra evitar que os motoristas durmam no volante.
Ana Aranha
Exato. Inclusive, o Fabrício pesquisou uma série de soluções de segurança que foram criadas por essas montadoras. Tipo, nesse mesmo experimento, ele pensou numa saída bem criativa. Quando o algoritmo detectava que os olhos da pessoa se fechavam por um segundo, um segundo e meio, o programa disparava uma mensagem pra um aromatizador de ar – eu chamo esses trecos de “gleyd”.
Carlos Juliano Barros
Eu também.
Ana Aranha
Então… e aí o “gleyd”, o aromatizador, avisado pelo algoritmo, soltava um cheiro pra alertar a pessoa que ela tava pescando
Carlos Juliano Barros
Caramba! É inegável que uma tecnologia como essa pode salvar muitas vidas, né? Se a gente pensar nos exemplos dos taxistas ou dos caminhoneiros, que dirigem por muitas horas todos os dias, o reconhecimento facial pode ajudar a prevenir muito acidente…
Ana Aranha
Siiim! A tecnologia pode trazer segurança e eficiência,mas a questão é que ela nunca para por aí… Quer dizer, elas são super importantes mesmo pra aumentar a segurança e a produtividade. Mas também são cada vez melhores em vigiar as pessoas.
Carlos Juliano Barros
Mas a vigilância no trabalho não nasceu com os algoritmos e a inteligência artificial. Pra ficar ainda nesse exemplo dos motoristas, o tacógrafo – aquele equipamento que mede a velocidade e a distância percorrida por um carro, um caminhão ou um ônibus – foi inventado no século 19!
Ana Aranha
Outro clássico é o “Acorda Vigia”, um aparelhinho muito usado nas portarias dos prédios. De tempos em tempos – sei lá, a cada meia hora, por exemplo – ele dispara um alarme que só pode ser desligado com uma chave que fica com o próprio vigia. É uma geringonça bem simples, que foi pensada pra evitar que o funcionário durma durante a madrugada.
Carlos Juliano Barros
Tô vendo aqui… no Mercado Livre rola oferta de “Acorda Vigia” por 300 reais. Azar da pessoa que cai no sono depois de emendar três, quatro turnos no dia…
Ana Aranha
Pode crer… Gente emendando três, quatro turnos no dia é o que mais rola por aí. Mas é isso: as tecnologias digitais levaram a vigilância e o controle sobre o trabalho a um nível sem precedentes.
Carlos Juliano Barros
Total! Tem uma professora famosa de Harvard, Shoshana Zuboff, que aparece naquele documentário do Netflix, “O Dilema das Redes”, que escreveu um livro muito interessante sobre esse assunto chamado “Capitalismo de Vigilância”. Pra quem se interessar, o livro foi lançado no começo de 2021 no Brasil, pela editora Intrínseca. Ouve só a comparação que ela faz: ela diz que as tecnologias digitais são como marionetes. Só que toda marionete tem um mestre – que é responsável por controlar os movimentos do boneco. E quem seria, então, o mestre das tecnologias digitais? É o que ela chama de “capitalismo de vigilância”. Quer dizer, é essa ideia de que as plataformas – e as mais conhecidas são o Google, o Facebook, a Microsoft e a Amazon – hoje em dia precisam extrair todo tipo de dado pra prever e, mais do que isso, influenciar o comportamento das pessoas. E isso vale pra todos os campos da vida, né? E o trabalho é um dos principais.
Ana Aranha
Sim… E é aqui que entram os softwares de controle do trabalho. O Fabricio Barilli vem estudando como operam três desses programas: Time Doctor, Inter Guard e Tera Mind.
Fabricio Barilli
Eles são instalados, executados na máquina do funcionário. E aí eles rodam coletando a interação dele com a máquina. Que tipos de interação? Cliques, movimento do mouse, janelas e softwares que tu tá utilizando, o tempo que tu fica nesse software. Então, por exemplo, se tu trabalha com Excel, ele vai monitorar quanto tempo tu fica no Excel. Se tu só precisa do Excel, tu não precisa do navegador aberto.[
Ele tenta a todo momento ser despercebido. Instalei ele na minha máquina, eu fui minha própria cobaia, e eu não encontrei nos processos que rodam no computador os processos desses softwares rodando. E aí toda comunicação, de estar rodando ali na máquina, ele vai mandando pra um servidor. Manda print da tela, qual software que tá aberto, quanto tempo esse software ficou aberto, se tu pluga algo no USB. Entrada e saída de arquivos, envio ou recebimento de emails. Sites que tu acessa.
E o mais interessante: uma das ferramentas, eu pude ativar o microfone do computador. E é o som ambiente, não é o som que está sendo executado na própria máquina, como se eu estivesse reproduzindo um áudio ou um vídeo. É o som ambiente. Sem eu perceber, o meu chefe pode ativar o microfone e ir coletando tudo o que está passando aqui. Se passou alguém aqui, poderia estar coletando a minha conversa. [
Então, é uma vigilância não só do que tu tá fazendo na máquina, mas do que tu tá fazendo no teu ambiente. Ele grava, armazena na nuvem. É uma invasão muito severa.
Carlos Juliano Barros
Uau! Por essa descrição do Fabrício, dá pra ver que esses programas não servem só pra impedir que o funcionário acesse site de pornografia, fique de bobeira no Facebook ou vaze segredos da empresa pra um concorrente, por exemplo.
Ana Aranha
E o detalhe: nem sempre o funcionário sabe que esse software tá instalado no computador que ele tá usando – principalmente se a máquina pertencer à empresa. Em geral, esses softwares recomendam que o aviso seja dado. Mas entre o que é recomendado e o que de fato as empresas fazem a gente sabe que tem uma distância considerável, né?
Carlos Juliano Barros
É evidente que as empresas responsáveis por esses programas espiões dizem que não invadem a privacidade das pessoas. No site da Time Doctor, por exemplo, a plataforma diz o seguinte: “Nossa visão sobre a privacidade é que uma empresa tem o direito de saber o que os funcionários estão fazendo durante o horário de trabalho e não têm direito algum de saber o que fazem durante os intervalos ou após o trabalho“.
Fernanda Bruno
Eu acho muito difícil traçar essa linha tão clara entre o que seria a vida pessoal, a vida psíquica, e a vida profissional nesse tipo de monitoramento.
Carlos Juliano Barros
Essa é a Fernanda Bruno. Ela é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e que pesquisa há anos o tema da vigilância.
Fernanda Bruno
Quando um software monitora a minha atenção, a minha distração, faz print da minha tela, monitora o uso de ferramentas de comunicação, eventualmente o uso de rede social e etc, como que eu posso dizer que está sendo demarcada um limite entre a vida pessoal e a vida profissional? Eu acho que é um limite muito difícil de traçar.
O modelo de gestão, a cultura de gestão e de administração que justifica o uso desses softwares é uma gestão voltada para a otimização dos desempenhos, dos resultados, para motivação dos trabalhadores. E o tempo inteiro essa cultura está dizendo pros trabalhadores que eles devem se engajar pessoalmente, psicologicamente, emocionalmente no trabalho. Que eles devem abandonar essa fronteira do pessoal/profissional e investir sua criatividade, suas emoções, seus elementos pessoais, motivacionais no trabalho…
A ambiguidade que está aí é que na hora de exercer o controle sobre o trabalho a empresa alega que não, “estamos demarcando a fronteira entre o pessoal e o profissional”. É um movimento um tanto quanto ambíguo.
Carlos Juliano Barros
Quando as pessoas passam a trabalhar de casa, como aconteceu com muita gente nessa pandemia, é evidente que a vida profissional e a vida pessoal se confundem, como a Fernanda Bruno falou. Mas, pra além dessa vigília constante do trabalho a que as pessoas tão sujeitas no dia-a-dia, tem uma outra dimensão ainda mais preocupante. E que tem a ver com o futuro das pessoas no mercado de trabalho e de como elas vão ser avaliadas como profissionais. Ouve só esse alerta do Sérgio Amadeu, que é sociólogo e professor da Universidade Federal do ABC.
Sérgio Amadeu
Você tem hoje uma série de informações que são armazenadas por esses softwares de produtividade no trabalho. Mas essa base de dados, de quanto tempo você leva navegando, quanto tempo você leva pra preencher uma planilha, e tantas outras informações que são coletadas da sua digitação, porque você tá com esse software te controlando. Insisto, no tempo da pandemia, não mais dentro do escritório. Agora ele está na sua casa.
E mais do que isso: os dados de você operando uma determinada solução que a empresa pediu pra você usar podem estar sendo vendidos para empresas que fazem outro tipo de software, que é o de obter informação sobre você pra vender pros chamados serviços de RH – recursos humanos – nas empresas. As pessoas que vão te contratar. E muitas pessoas não vão considerar o seu currículo porque os currículos agora, muitas vezes, são analisados por sistemas algorítmicos.
Hoje tem uma enorme quantidade de sistemas algorítmicos fazendo projeções estatísticas, trabalhando no campo da probabilidade e construindo um futuro que pode nunca ocorrer, mas que é performativo porque gera efeito agora. E um dos efeitos que pode gerar é fazer você perder uma vaga de emprego ou você perder o próprio emprego.
E muitas vezes é porque você teria uma performance ruim, porque você teria uma tendência ruim, que foi detectada cruzando dados que você não sabe nem que dados são.
Ana Aranha
Caju… E o que que foram esses pássaros aí cantando enquanto o Sérgio falava?! Até que foi bom porque deu uma amenizada no clima… o que ele tava falando parecia roteiro de episódio do Black Mirror. Mas o fato é que isso já tá rolando. Não é mais coisa de cinema – ou de streaming, não. Eu fico imaginando, Caju, o que aconteceria com uma mulher que, sem saber que o computador dela tava sendo monitorado, ou mesmo sabendo, pesquisou na internet alguma coisa sobre fertilidade ou como engravidar. A gente sabe que infelizmente tem muita empresa que não contrata mulher grávida ou faz pressão pra que a funcionária não tenha filhos. Com esse controle total por algoritmo, onde isso vai parar?
Carlos Juliano Barros
Pois é, Ana: E o algoritmo pode registar que, se essa mulher ainda não tá grávida, ela de alguma forma demonstra a vontade de ser mãe um dia. Como essa informação poderia ser lida por um potencial empregador?
Ana Aranha
E essas questões éticas só vão crescer porque o mercado desses softwares de vigilância do trabalho tá bombando! Em janeiro de 2019, a Accenture – que é a maior consultoria de gestão do mundo – divulgou um estudo mostrando que 62% das maiores corporações globais já tavam utilizando algum tipo de ferramenta pra monitorar e coletar dados de funcionários. Mas olha que curioso: essa mesma pesquisa mostra que só 30% dessas empresas diziam ter certeza de que esses dados tavam sendo usados de forma “responsável” – seja lá o que isso quer dizer. Só que desde que esse estudo saiu até hoje, 2021, esse quadro já mudou bastante. Uma matéria da revista americana Fortune mostrou que a procura pelo Time Doctor simplesmente triplicou durante a pandemia.
Carlos Juliano Barros
O negócio tá pegando fogo mesmo, Ana! Mas eu queria adicionar outro complicador a essa discussão: tem muita gente que tá confortável com isso, que não se sente mal em ser vigiada e que, no limite, até gosta – porque enxerga isso até como uma oportunidade de mostrar que trabalha duro, que é uma pessoa focada e dedicada e etc. A Fernanda Bruno, pesquisadora de vigilância que a gente ouviu agora há pouco, também falou sobre esse assunto.
Fernanda Bruno
Essas ferramentas aparentemente neutras, como um software que está ali monitorando sua performance, sinalizando quando você se distrai, dizendo pra você quanto que você produziu e etc, parece perfeito para esse ideal de trabalhador que tá focado em superar, otimizar a sua produtividade, e acha que está gerindo a si mesmo, investindo em si mesmo.
Ana Aranha
Esse controle e essa vigilância crescem na mesma medida que nascem novas formas de trabalho – que, aliás, só existem por causa das tecnologias digitais. Se a gente pensar nos motoristas e nos entregadores de aplicativos, quer dizer, na chamada “uberização” que a gente já debateu aqui no Trabalheira na temporada passada, a gente vai ver que esses trabalhadores são vigiados o tempo todo. Na verdade, essas plataformas só fazem sentido se os trabalhadores puderem entregar os dados de tudo o que eles fazem pra alimentar os algoritmos desses aplicativos. Ouve só o Sérgio Amadeu, da Federal do ABC.
Sérgio Amadeu
E essa ideia de controle da vida pela empresa ela vai avançando quanto mais flexível é o trabalho, ao contrário do que se pensa. Por quê? Porque cada vez mais ficam à disposição de contratos absurdos, contratos que invadem a privacidade das pessoas, que obrigam-nas a trabalhar a qualquer horário, ou em vários horários, porque o que vale é aquilo que ela se propõe a fazer no contrato e muitas vezes ela não tem escolha.
B
Carlos Juliano Barros
Interessante demais essa aparente contradição que o Sérgio destacou: o trabalho tá cada vez mais vigiado, apesar de ele ser supostamente cada vez mais “flexível”. Aliás, por falar em falta de escolha, Ana, no próximo programa a gente vai falar da galera que, também por falta de opção, trabalha e é paga em… “esperança”.
Ana Aranha
Oi?
Carlos Juliano Barros
Ah… Ana. É aquele lance de trabalhar de graça – ou quase de graça – na esperança de, quem sabe, abrir portas no futuro. Sabe esse lance de jornalista escrever um texto pra um jornal ou pra uma revista que acha que tá te pagando em exposição?
Ana Aranha
O tal do “portfólio”, né? Na linha do: “sinta-se contente pelo fato de ter esse espaço e colocar seu nome na assinatura”
Carlos Juliano Barros
Isso é super comum no mercado de trabalho de comunicação, mas não é só aqui que isso acontece! Mas, esse é o papo do nosso próximo encontro.
Ana Aranha
O Trabalheira é uma produção da Rádio Novelo pra Rádio Batente, a central de podcasts da Repórter Brasil. A coordenação geral é da Paula Scarpin.
O roteiro original é do Carlos Juliano Barros, o Caju. O tratamento de roteiro é do Renan Sukevicius.
A edição e a montagem são da Julia Matos. A nossa música tema é composta pela Mari Romano e também pelo João Jabace. O Jabace é da Pipoca Sound e também faz a finalização e a mixagem do programa.
A coordenação digital é da Juliana IÉGUER.
Carlos Juliano Barros
Até a próxima, Ana!
Ana Aranha
Valeu, Caju! Até!