Íntegra do posicionamento da Agrícola Xingu, ALZ Grãos, Nutrade, Bunge, Cargill e Cofco

Respostas enviadas para a reportagem 'Soja produzida por empresa envolvida em conflito fundiário no Matopiba abastece multinacionais do setor'
 20/06/2022

Agrícola Xingu

AGRÍCOLA XINGU S.A. (“XINGU”), inscrita no CNPJ sob o nº 07.205.440/0001-24, com sede na Av.  Paulista, 1842 – 9º andar – conj. 97 – Edifício Cetenco Plaza – Torre Norte, Bela Vista | 01310-923 |  São Paulo/SP, vem por meio desta, através de seu representante, em resposta à carta recebida,  informar o quanto segue: 

Primeiramente, cumpre apresentar uma breve contextualização do comprometimento e melhoria contínua da XINGU no que atine a questões socioambientais, bem como a plena e integral observância  das normas ambientais aplicáveis.

A XINGU como empresa idônea e que atua firmemente na preservação do meio ambiente, desenvolve  suas atividades dentro dos parâmetros dos regulamentos aplicáveis, bem como, busca disponibilizar a  todos, nada menos do que excelência, tendo, inclusive, anualmente recebido prêmios emitidos pelo Governo Federal (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA) que atestam o seu  nível de excelência e relevância no que diz respeito à ética e integridade.  

Ainda, com o intuito de auxiliar comunidades vizinhas, desenvolve e coloca na prática com frequência  ações sociais. Sendo possível destacar alguns exemplos:

  • Através de doações a XINGU incentivou a implantação de galinhas poedeiras com uma granja  para produção de ovos e para comercialização em uma comunidade local. Também  proporcionou o início da produção de alimentos e outros itens básicos. Mantendo a ajuda com  a compra de produtos necessários ao consumo dos seus funcionários e utilizados nas suas  cozinhas, fortalecendo ainda mais a cooperação tornando-os fornecedores de ovos, hortaliças,  frutas e farinha de mandioca da XINGU;
  • Doação de equipamentos de TI para algumas instituições de educação nos municípios onde  as fazendas da XINGU se localizam;
  • Doação de equipamentos hospitalares para um hospital de um município onde as fazendas da  XINGU se localizam;
  • A XINGU, por meio de patrocínio financeiro, proporcionou a reforma de uma barragem com  intuito melhorar o fluxo de água do canal de irrigação para atendimento de um povoado vizinho

Sem prejuízo do exposto acima, a XINGU passa a esclarecer os “questionamentos, declarações e  alegações” constantes no citado e-mail:

  • A Fazenda Tabuleiro VII é totalmente de propriedade da XINGU, que possui todos os  documentos legais e pertinentes. No que se refere à citada comunidade, o que existe é um possível interesse por parte desta na área de propriedade da XINGU, no entanto, não há nenhum documento comprovatório que demonstra qualquer direito da autointitulada  comunidade de Fecho de Pasto do Capão do Modesto sobre a Fazenda Tabuleiro VII;
  • A XINGU esclarece que possui todas as licenças e certificações correspondentes e para  atendimento aos requisitos impostos pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos  Hídricos do Estado da Bahia – INEMA;  
  • A respeito do agrodefensivo regularmente produzido e comercializado por empresas  competentes, a XINGU na mesma oportunidade esclareceu que foi regularmente  adquirido e que seria utilizado dentro das especificações vigentes do MAPA (Ministério  da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Então, em novembro do mesmo ano, o órgão  fiscalizador ADAB (Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia) liberou a  utilização do agrodefensivo, tornando o tema esclarecido;  
  • Como já veiculado em meios de comunicação, a XINGU celebrou Contrato Particular de  Arrendamento Rural para Exploração Agrícola com a empresa SLC Agrícola S.A., desta  feita, em decorrência do referido contrato, a empresa XINGU encerrou suas atividades  operacionais agrícolas.  

Nutrade

Com relação às negociações realizadas junto à Agrícola Xingu, a Nutrade afirma que envolvem áreas com matrículas distintas e, portanto, diferentes das referenciadas nos atuais questionamentos da Repórter Brasil. Temos documentos de garantia (CPR de grãos) que atestam que o CNPJ da área que originou a soja negociada pela Nutrade, bem como as matrículas fornecidas em garantia, não possuem qualquer embargo.

Como apontado anteriormente, reforçamos que ao longo da comercialização de commodities como a soja, a Nutrade adota um processo de verificação de todas as áreas e garantias conectadas às negociações firmadas, atentando integralmente a todos os regramentos ambientais e trabalhistas.

Cabe adicionar que a Syngenta entende e assume seu papel na evolução da agricultura sustentável, integrando e promovendo programas ambientais de recuperação de áreas degradadas com diversos parceiros.

ALZ Grãos

Primeiramente, a ALZ Grãos reafirma a regularidade socioambiental da aquisição de soja em questão, a qual atendeu aos critérios da Companhia (abaixo listados). No referido caso, não foram constatadas, no ato da compra, quaisquer restrições socioambientais ou eventuais conflitos fundiários sobre a área de origem. A ALZ Grãos não estabeleceu relação comercial com a empresa Agrícola Xingu e não adquiriu produto originado da Fazenda Tabuleiro VII.

Em relação às políticas da empresa, a ALZ Grãos possui Política Socioambiental e de Sustentabilidade de grãos aplicáveis aos fornecedores diretos e indiretos da companhia. As Políticas estão disponíveis no site oficial da ALZ Grãos.

A fim de assegurar uma cadeia responsável de soja, a ALZ Grãos possui princípios de comercialização, os quais consolidam a implementação da sua Política de Sustentabilidade ao vedar a comercialização de soja proveniente de áreas que incidam em: embargos do Ibama; Terras Indígenas, Quilombolas e Unidades de Conservação de Proteção Integral; áreas não conformes e inseridas na lista da Moratória da Soja; áreas de produtores inseridos na Lista Suja do Trabalho Escravo. Além disso, a ALZ Grãos exige por meio de cláusula contratual que os produtores fornecedores cumpram a legislação ambiental.

Em setembro de 2021 a ALZ Grãos implantou uma plataforma especializada de geoprocessamento para rastreabilidade de sua cadeia de fornecimento de soja, otimizando o monitoramento dos grãos comercializados junto a produtores rurais pela empresa, direta ou indiretamente. Com banco de dados atualizado diariamente, a tecnologia implementada tem proporcionado rápidos avanços à rastreabilidade da ALZ Grãos, reforçando o monitoramento e a aplicação dos princípios de comercialização da Companhia para compras diretas e indiretas. Do volume total comercializado pela ALZ Grãos referente à safra 2020/2021, o volume adquirido diretamente dos produtores rurais foi de 98,5%, de forma que o desafio de rastreabilidade se concentra nas compras indiretas (1,5%), de menor impacto para os negócios da ALZ Grãos.

A empresa possui como princípio, conforme sua Política, conservar os biomas de alto valor ecológico comprovado (tais como Amazônia e Cerrado) com a intenção de desencorajar e eliminar a conversão de vegetação nativa para uso alternativo do solo no Brasil. O monitoramento de desmatamento e de conversão de vegetação nativa é feito a nível de polígono, com ferramentas de geoprocessamento e bases geoespaciais de consulta pública (utilizando-se das camadas do PRODES e imagens de satélite com diferentes datas históricas).

Bunge

A Bunge não comenta relações comerciais com produtores específicos, mas reforça que está comprometida em alcançar cadeias de suprimentos livres de desmatamento em 2025. Fomos os primeiros a anunciar o mais ambicioso compromisso em nossa escala no nosso setor e continuaremos a usar nossa posição de mercado para liderar o progresso da indústria nesta direção.  Esse compromisso se estende a todas as regiões onde nós operamos, incluindo fornecimento direto e indireto. 

A Bunge não compra soja de áreas desmatadas ilegalmente e possui avançada rastreabilidade e monitoramento de suas compras diretas e indiretas. Mantemos rígido controle sobre critérios socioambientais em nossas operações em regiões de alto risco na América do Sul – mais de 9.000 fazendas, alcançando mais de 12 milhões de hectares. Nosso monitoramento usa tecnologia de satélite de última geração e é capaz de identificar mudanças no uso da terra e plantio de soja em cada fazenda de onde originamos. 

Usando nossos protocolos, a Bunge é líder no fornecimento de produtos livres de desmatamento ao mercado, indo além da atual demanda de consumo. Nosso portfólio de certificação de soja inclui Round Table on Responsible Soy (RTRS), Biomass Biofuel Sustainability Voluntary Scheme (2BSvs), ProTerra, entre outros. 

Nós também pretendemos ser líderes em transparência em nossa indústria, ajudando a elevar o nível de desempenho do setor ao monitorar e divulgar regularmente os progressos de nossos compromissos e de nossa performance. Desde 2016, nós publicamos atualizações regulares sobre rastreabilidade e nosso compromisso de não desmatamento. Somos a única companhia em nosso setor a produzir tais relatórios e ao longo desse período de tempo. Nosso 10o relatório de progresso para soja pode ser consultado aqui.

Além disso, nós compartilhamos nossa experiência e tecnologia com outros. Em 2021, a companhia lançou o Parceria Sustentável Bunge, um programa inédito que ajuda revendas de grãos a implementarem sistemas de verificação de cadeias de fornecimento, incluindo monitoramento por satélite em escala de fazenda, na região do Cerrado brasileiro. As revendas podem adotar serviços de imagem independentes ou usar a estrutura de monitoramento geoespacial da Bunge sem nenhum custo. Com o engajamento das revendas, a Bunge, que já rastreia e monitora aproximadamente 50% de suas compras indiretas no Cerrado, espera alcançar 100% até 2025.

A Bunge reconhece o importante papel que pode desempenhar, mas acredita que qualquer solução duradoura e escalável vai demandar participação e engajamento com nossos parceiros ao longo da cadeia de fornecimento, de produtores a clientes, com compensação aos produtores que no fim das contas terão que abdicar de seu direito de produzir na terra que possuem e preservam. Esse é o motivo pelo qual nós trabalhamos por meio de associações, iniciativas e parcerias diretas com nossos pares na cadeia de valor para garantir o sucesso em toda a indústria. Como exemplo, a Bunge co-fundou o Soft Commodities Forum (SCF), em conjunto com outras indústrias líderes no setor, como forma de enfrentar desafios comuns de sustentabilidade. Trabalhando em conjunto com esses parceiros, a Bunge está ajudando a aumentar a transparência do setor em relação ao fornecimento de soja em vários municípios prioritários, que são mais vulneráveis ao desmatamento. Em 2021, o número de municípios monitorados aumentou de 25 para 61. Embora a Bunge publique regularmente informações sobre sua cadeia de suprimentos de soja na América do Sul desde 2016, o SCF é uma plataforma onde companhias se comprometem a publicar relatórios bianuais para compartilhar dados adicionais, como informação de rastreabilidade nesses 61 municípios. O mais recente relatório de performance da Bunge, publicado em dezembro de 2021, está disponível aqui

A Bunge continuará trabalhando para promover padrões avançados e desenvolver abordagens práticas e sustentáveis. Isso é parte de nossa estratégia e nós vamos continuar comprometidos com essa jornada.

Além do nosso posicionamento já enviado, gostaríamos de reforçar que temos 100% de rastreabilidade e monitoramento de nossas compras diretas e estamos atuando fortemente para impulsionar o setor a fortalecer a rastreabilidade e o monitoramento das compras indiretas, seja pelo nosso inédito Programa Parceria Sustentável, seja pela participação ativa em iniciativas setoriais como o SCF – Soft Commodity Forum, da qual a Bunge é co-fundadora.

ABIOVE (Cofco e Cargill)

Algumas empresas associadas à ABIOVE nos encaminharam seu pedido. Essas empresas (associadas à ABIOVE) seguem diversos protocolos, compromissos e têm uma série de políticas relacionadas a seus fornecedores, por isso as respostas estão mais no âmbito setorial.

Repórter Brasil: As empresas possuem mecanismos para garantir a origem da soja adquirida de outras tradings, como a ALZ Grãos? Pode garantir que não adquiriu soja oriunda de áreas desmatadas pela Agrícola Xingu no oeste baiano?

A ABIOVE e suas empresas associadas têm liderado as discussões e os trabalhos para eliminar o desmatamento e promover o crescimento sustentável da cadeia de soja. E, também, desenvolvido processos e ferramentas para rastrear e monitorar o grão. Cabe ressaltar que as associadas não compram soja de áreas desmatadas ilegalmente.

Repórter Brasil: A aquisição de soja de outras tradings não expõe as empresas ao desmatamento cometido por fornecedores indiretos no Cerrado? Quais as estratégias que as companhias adotam para mitigar esses riscos?

As empresas associadas à ABIOVE apoiam os seus fornecedores indiretos buscando, constantemente, soluções operacionais e avaliando metodologias para engajamento destes fornecedores aos seus protocolos. Também existem cláusulas nos contratos das traders que obrigam os intermediários a garantirem a conformidade da soja com as exigências legais no bioma Cerrado. Algumas empresas intermediárias também realizam auditorias para demonstrarem que têm uma originação responsável.

Repórter Brasil: Quais as políticas das empresas relacionadas a aquisição de soja de áreas do Cerrado? Possui algum marco temporal estabelecido para alcançar o desmatamento zero em sua cadeia de fornecimento de grãos com origem em áreas do bioma?

As empresas associadas à ABIOVE possuem políticas próprias que são públicas e com compromissos rigorosos de monitoramento dos seus fornecedores; cumprimento das legislações aplicáveis em nível nacional e internacional (países importadores); e compromissos para rastrear commodities. As políticas também envolvem compromissos quanto aos Direitos Humanos e comunidades tradicionais, atendimento às legislações trabalhistas e apoio a pequenos e médios produtores rurais com capacitação e assistência técnica gratuitas por meio do Agro Plus e programas individuais de certificação. 

Confira a matéria: Soja produzida por empresa envolvida em conflito fundiário no Matopiba abastece multinacionais do setor



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