O etanol brasileiro saiu na frente no mercado de combustíveis global por já ter usinas certificadas para a produção de SAF (Combustível de Aviação Sustentável), uma alternativa às emissões da aviação comercial. A necessidade de descarbonizar a economia estimulou o crescimento do setor e colocou o Brasil como um promissor produtor mundial de biocombustíveis. Em agosto de 2023, a brasileira Raízen foi a primeira produtora de etanol do mundo a receber a certificação ISCC Corsia Plus, obrigatória para o fornecimento do combustível no setor aéreo. Nos meses seguintes, outras quatro produtoras brasileiras receberam o selo de certificação.
O Brasil, é o segundo maior fabricante global do produto e foi responsável por 30% da produção mundial em 2023. Essa expansão do setor coincide com um novo boom de casos de violações trabalhistas e de direitos humanos no cultivo de cana-de-açúcar, principal matéria-prima usada na produção nacional do biocombustível.
O relatório “Escravizados do etanol”, da Repórter Brasil, revela casos de violações de direitos humanos entre produtores de etanol como trabalhadores mortos em incêndios em canaviais, obrigados a dormir no chão ou forçados a trabalhar por dívidas ilegais. Em 2019, depois de sete anos sem flagrantes de trabalho escravo em canaviais, 45 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão. Esse número chegou a 361 em 2022. E em 2023, foram 258 resgatados.