Usinas ligadas a casos de escravidão obtém selo ‘sustentável’ do setor aéreo, mostra relatório

Etanol vira opção ‘sustentável’ para abastecer companhias aéreas, mas casos de trabalho escravo em plantações de cana preocupam
Por Repórter Brasil
 06/01/2025

O etanol brasileiro saiu na frente no mercado de combustíveis global por já ter usinas certificadas para a produção de SAF (Combustível de Aviação Sustentável), uma alternativa às emissões da aviação comercial. A necessidade de descarbonizar a economia estimulou o crescimento do setor e colocou o Brasil como um promissor produtor mundial de biocombustíveis. Em agosto de 2023, a brasileira Raízen foi a primeira produtora de etanol do mundo a receber a certificação ISCC Corsia Plus, obrigatória para o fornecimento do combustível no setor aéreo. Nos meses seguintes, outras quatro produtoras brasileiras receberam o selo de certificação. 

O Brasil, é o segundo maior fabricante global do produto e foi responsável por 30% da produção mundial em 2023. Essa expansão do setor coincide com um novo boom de casos de violações trabalhistas e de direitos humanos no cultivo de cana-de-açúcar, principal matéria-prima usada na produção nacional do biocombustível. 

O relatório “Escravizados do etanol”, da Repórter Brasil, revela casos de violações de direitos humanos entre produtores de etanol como trabalhadores mortos em incêndios em canaviais, obrigados a dormir no chão ou forçados a trabalhar por dívidas ilegais. Em 2019, depois de sete anos sem flagrantes de trabalho escravo em canaviais, 45 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão. Esse número chegou a 361 em 2022. E em 2023, foram 258 resgatados.

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