A REPÓRTER BRASIL levou o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos de 2025 na categoria “texto” e recebeu menção honrosa na cobertura “multimídia”.
O especial “Trabalho infantil na indústria tech”, de autoria da jornalista Isabel Harari, mergulha no universo das plataformas e dos aplicativos para mostrar como o trabalho de crianças e adolescentes pode ser explorado de forma indevida.
ASSINE NOSSA NEWSLETTER
Premiada como melhor produção jornalística em texto, a série de reportagens mostra crianças e adolescentes em diversas atividades aparentemente lúdicas: da criação de games no Roblox, passando pelo treinamento da inteligência artificial do Kwai e do TikTok, chegando às entregas do iFood e aos vídeos do Youtube. O especial discute como a indústria da tecnologia, envolta em uma aura de glamour e modernidade, tem borrado as fronteiras entre lazer e trabalho, misturando vida pessoal e carreira profissional. Por isso, plataformas digitais raramente são reconhecidas como espaços onde o trabalho infantil pode ocorrer de forma irregular.
A investigação, assinada pela repórter Isabel Harari, mostra como empresas bilionárias como TikTok, Kwai, Roblox e iFood baseiam parte de seus modelos de negócio na atuação não remunerada de seus próprios usuários. Ao longo de sete meses, a Repórter Brasil entrevistou dezenas de crianças e adolescentes que atuam como mão de obra invisível dessas plataformas.
Além disso, ouvimos especialistas, autoridades públicas e representantes de organizações da sociedade civil. Obtivemos acesso exclusivo a processos judiciais por meio de fontes e de pedidos via Lei de Acesso à Informação. Parte fundamental do trabalho também consistiu em analisar os opacos termos de uso das plataformas e a legislação ainda incipiente que rege o setor digital.

Já a série de reportagens “Ogronegócio: milícia e golpismo na Amazônia” recebeu menção honrosa na categoria Produção Jornalística em Multimídia. O especial liderado pelo jornalista Daniel Camargos investiga a aliança entre o bolsonarismo e a ala truculenta do agronegócio na Amazônia.
A apuração começou com o cruzamento da agenda oficial de Luiz Antônio Nabhan Garcia, ex-secretário de Assuntos Fundiários, com milhares de registros de conflitos no campo da Comissão Pastoral da Terra durante o governo Bolsonaro. Esse levantamento orientou uma viagem de campo de 6 mil quilômetros realizada em conjunto com o fotógrafo Fernando Martinho. A reportagem foi do norte do Mato Grosso ao sul do Pará, ouvindo vítimas de despejos armados, lideranças sob escolta, defensores da floresta ameaçados, políticos locais e autoridades.
A investigação também envolveu análise de documentos públicos, registros cartoriais, mensagens em grupos de WhatsApp, imagens de satélite, relatórios de movimentações financeiras, investigações da Polícia Federal e decisões judiciais. Revelou-se, por exemplo, que um condenado por homicídio se tornou sojeiro de destaque no Pará, com apoio de prefeitos e deputados. Outro personagem, investigado por financiar o 8 de Janeiro, se lançou como candidato.
Os vencedores foram anunciados nesta terça (7), em sessão pública transmitida ao vivo pelo canal dos organizadores no YouTube. A Repórter Brasil já recebeu o prêmio principal, além de menções honrosas, em 2003, 2005, 2006, 2013, 2020, 2021 e 2022.
Leia também