Relatório expõe riscos socioambientais da expansão dos biocombustíveis

Estudo "A conta dos biocombustíveis" analisa casos de trabalho escravo, desmatamento e falhas de rastreabilidade na cadeia produtiva do setor
Por Repórter Brasil

A Repórter Brasil divulgou o relatório A Conta dos Biocombustíveis, que analisa as questões de sustentabilidade e os impactos socioambientais decorrentes da produção de biocombustíveis no Brasil, especialmente no contexto da expansão do setor promovida pelo governo. O estudo está disponível em português e inglês..

A estratégia do governo para consolidar a indústria de biocombustíveis conta com políticas públicas e investimentos significativos. O Fundo Clima e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estão financiando projetos de biocombustíveis. E vale lembrar que a Lei do Combustível do Futuro e o RenovaBio fortalecem o arcabouço regulatório do setor, colocando o país em posição de liderança global no setor. O Brasil já  reconhecido mundialmente como um grande produtor de etanol e biodiesel, tem também investido em iniciativas como o SAF (combustível sustentável para aviação em inglês) e seus empresários defendem ampliar substancialmente a produção nos próximos anos.

No entanto, o aumento da produção de biocombustíveis e seus insumos acarreta custos socioambientais consideráveis. O avanço da fronteira agrícola para abastecer esse mercado tem pressionado áreas de vegetação nativa. A produção de sebo bovino, matéria-prima utilizada para a fabricação de biodiesel, não é rastreada até as fazendas, mas é justamente nas propriedades rurais que ocorrem as principais irregularidades, como desmatamento, trabalho escravo e conflitos agrários. O relatório aponta o caso da empresa norteamericana Diamond Green Diesel, uma das líderes globais na produção de diesel renovável, que foi identificada importando sebo bovino de fornecedores brasileiros ligados a fazendas amazônicas que desmataram ilegalmente, como mostra o relatório.

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A crescente demanda por gordura animal brasileira para a produção de biodiesel nos Estados Unidos tem exacerbado esses problemas. Diante desse cenário, o relatório sugere uma série de medidas para garantir que a expansão do setor não aumente ainda mais os impactos socioambientais. Entre as principais ações recomendadas, destaca-se a implementação de um sistema de rastreabilidade para toda a cadeia produtiva de biocombustíveis, que permita monitorar a origem das matérias-primas e garantir que não haja desmatamento ou violação dos direitos humanos.

O relatório é lançado às vésperas da COP30, que debate as políticas climáticas para tentar conter os efeitos nocivos do aquecimento global do planeta. 

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