Uma operação em Minas Gerais resgatou 131 trabalhadores, oito deles menores de idade, em situação análoga à escravidão.
Após denúncia, a SRTE (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego) encontrou o grupo em lavouras de feijão na região de Unaí, noroeste do Estado.
O resgate demorou duas semanas e terminou no dia 1º de outubro de 2010, mas só foi divulgado agora.
Os funcionários, que não tinham carteira assinada, se dividiam entre as fazendas Gado Bravo e São Miguel.
Estavam a serviço do "gato", figura conhecida por aliciar mão-de-obra em cidades pobres. Uma das estratégias consistia em publicar anúncio em municípios vizinhos.
Segundo Maria Dolores Brito Jardim, que coordenou a ação, trabalhadores eram transportados de forma precária, "em ônibus totalmente sem condições de circular e caminhão com carroceria aberta e cheio de ferramentas".
Outra parte do grupo, de 19 lavradores, era alojada em barracões de lona. O acampamento não tinha banheiro.
Nas jornadas de trabalho, que para alguns duravam sete dias por semana, as refeições eram feitas ao ar livre, sem água potável e infraestrutura mínima –como mesas, cadeiras ou lugar para estocar alimentos. Geralmente, de acordo com Maria Dolores, os trabalhadores levavam marmitas não térmicas e comiam no chão.
O pagamento variava entre R$ 25 e R$ 30 a diária. As compras eram, obrigatoriamente, feitas em um ponto de venda controlado por irmãos do "gato", segundo a coordenadora da SRTE.
O trabalho análogo à escravidão é caracterizado por pessoas que mantêm dívidas com o empregador –que, na prática, as impedem de pedir demissão.
Os libertados ganharam seguro-desemprego especial e R$ 400 mil de verbas rescisórias.