O produtor rural gaúcho Eraí Maggi Scheffer, primo do senador Blairo Maggi (PR) e conhecido o "rei da soja" vem tentando negociar com o Ministério do Trabalho a sua retirada da chamada lista suja do trabalho escravo no país.
De acordo com reportagem da Folha de São Paulo, a Advocacia-Geral da União assinou de maneira inédita um acordo com a Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do mundo, para que ela não volte para "a lista suja". Lista essa que proíbe o crédito público e pressiona parceiros a suspender compras.
No entanto, o jornal revela que em 2009, um nota técnica do Ministério do Trabalho rejeitou a possibilidade de o governo fazer acordos para excluir empresas do cadastro de empregadores pegos submetendo trabalhadores à situação análoga à escravidão.
Esse documento do ministério é assinado pelo auditor-fiscal do Trabalho Daniel Chagase trata da negociação entre o grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi e a AGU.
No ano de 2008, 41 trabalhadores foram resgatados em uma fazenda de Tapurah, arrendada pelo grupo Bom Futuro. Foi contatado que os trabalhadores eram submetidos a condições degradantes.
Não há decisão administrativa definitiva sobre o caso e o grupo não entrou ainda no cadastro. A proposta do acordo seria para evitar, preventivamente, a inclusão.
"Caso se insista na pactuação […], estar-se-á pavimentando via de escape em larga escala para praticamente todos os infratores hoje incluídos no cadastro", diz a nota.
Sem a anuência do ministério, o acordo não prosperou. A AGU ionformou que o tratamento desigual se justifica porque caso do Bom Futuro foi mais grave do que o da Cosan, pois implicou em uma ação penal.