Projeto ”Escravo, nem Pensar!” chega a professores do Maranhão

A luta contra o trabalho escravo ganha reforço de professores e educadores do Piauí e Maranhão. A organização não-governamental Repórter Brasil e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos estão desenvolvendo o projeto piloto "Escravo, nem Pensar!", que conta com a participação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (MA)
Luciana Vasconcelos
 14/02/2005

A luta contra o trabalho escravo ganha reforço de professores e educadores do Piauí e Maranhão. A organização não-governamental Repórter Brasil e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos estão desenvolvendo o projeto piloto "Escravo, nem Pensar!", que conta com a participação da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (MA).

O objetivo é inserir o tema no dia-a-dia das escolas de ensinos fundamental e médio, em programas de educação de jovens e adultos e outros
cursos não-formais. Para isso, estão sendo realizados cursos destinados a professores e educadores de seis cidades do Maranhão e Piauí. Os estados estão entre os principais fornecedores de mão-de-obra escrava.

"O objetivo é prevenir o aliciamento de jovens moradores do interior nordestino, que acabam se tornando escravos na região de fronteira
agrícola no Amazonas", explicou o coordenador do projeto, Leonardo Sakamoto, da organização Repórter Brasil.

Durante o curso, os professores aprendem a identificar o que é o trabalho escravo, onde denunciar, como identificar o processo de aliciamento, o mau patrão e uma situação de cerceamento de liberdade. Os profissionais também
recebem apoio para produzirem material didático e criarem atividades a serem desenvolvidas com seus alunos ao longo do ano. "Além disso, também é
passado para os professores conteúdo para que eles possam trabalhar com os alunos a respeito de preservação do meio ambiente, direitos trabalhistas, geração de emprego e renda", disse.

O sub-secretario Perly Cipriano, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, disse que o curso faz parte de uma ação preventiva no enfrentamento ao trabalho escravo. "É necessário esclarecimento, orientação, capacitação. Porque muitas vezes um jovem sem trabalho encontra propostas tentadoras e não tem conhecimento dos perigos e dos riscos. Muitas vezes ele aceita essas promessas e depois cai na condição de trabalhador escravo", afirmou. Segundo ele, não basta apenas libertar as pessoas que estão na condição de trabalho escravo, mas organizar e conscientizar os cidadãos para evitar que se encontrem em uma situação como essa.

Para o frei Xavier Plassat, da Comissão Pastoral da Terra, o trabalhador deve conhecer seus direitos e o curso colabora com essa ação e "prepara terreno" para implantação de outros projetos de combate ao trabalho escravo. "O trabalhador não pode considerar normal trabalhar de forma degradante. Não pode virar rotina aceitar esse tipo de situação", afirmou.

O curso já foi realizado no Piauí para professores e educadores de Barras, União e Miguel Alves do Piauí. Nesta segunda-feira (14), começa a ser ministrado em Açailândia, no Maranhão, e de 21 a 25 de fevereiro para
profissionais maranhenses de Bom Jesus das Selvas e Buriticupu. Ao todo, serão atendidos 200 professores e educadores. A expectativa é que o
projeto seja levado a outros municípios do Nordeste e Tocantins até o próximo ano.

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