Quase 40 mil trabalhadores foram resgatados de condições de trabalho semelhantes à escravidão nos últimos 15 anos no Brasil. Desde 1995, quando se reconheceu a existência de trabalho escravo no país, até o ano passado, o Ministério do Trabalho realizou, em parceria com o Ministério Público e a Polícia Federal, 1.081 operações para localizar e resgatar trabalhadores.
Em 2010, foram realizadas 141 operações, inspecionando 305 estabelecimentos, com 2.617 trabalhadores resgatados. Os dados, que constam de relatórios de Fiscalização para a Erradicação do Trabalho Escravo, foram divulgados nesta sexta-feira durante o lançamento da campanha nacional pela erradicação pelo Ministério Público do Trabalho.
Em pronunciamento na cerimônia de lançamento, o procurador-geral do Trabalho, Otávio Brito Lopes, afirmou que uma "atuação firme" do Judiciário na área civil e a lista suja do trabalho escravo do Ministério do Trabalho, que aponta empresa que foram flagradas com trabalhadores em situações degradantes, são dois fatores que têm ajudado a coibir a prática.
Ele destacou ainda a necessidade de qualificar os trabalhadores resgatados, para que eles não fiquem novamente vulneráveis ao aliciamento para as situações análogas à escravidão.
Campanha
A campanha, idealizada pelo Conaete (Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo), do Ministério Público do Trabalho, tem como objetivo mostrar que o trabalho escravo não é algo distante dos brasileiros.
Além de atuar no auxílio ao resgate ao trabalhador e na punição do empregador, o Conaete lançou peças de marketing que relacionam o trabalho escravo a produtos adquiridos por consumidores. Em uma delas, são contrapostas as fotos de uma modelo com roupas sofisticadas à de uma oficina de costura em que trabalham uma mulher idosa e uma mãe com criança de colo.
Também presente ao evento, o ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Luiz Felipe Vieira de Mello, reforçou que "o trabalho escravo não está longe de nós".
– Os consumidores usufruem dos produtos dele.