Algodão da Victoria’s Secret viria de trabalho escravo infantil

 15/12/2011

Uma reportagem exibida hoje, na Bloomberg News, apontou que o algodão usado pela grife Victoria’s Secret vem de uma fábrica africana que tem crianças não remuneradas como mão-de-obra.

A Federação Nacional do Algodão de Burkina afirmou, em um estudo publicado em 2008, que diversas fazendas de produção de algodão no país forçam crianças – muitas delas recolhidas em orfanatos – a trabalhar. “Estas crianças seguem um estatuto de trabalhador: elas foram chamadas para trabalhar, mas não recebem remuneração, independentemente da idade”.

O repórter Cam Simpson, da Bloomberg Markets Magazine, foi até Burkina Faso para ver as condições de trabalho das crianças nas fazendas de algodão. Lá, conheceu Clarisse Kambire, de 13 anos, que trabalha há um ano na fazenda e contou sobre a rotina de trabalho: “eles são acordados antes do nascer do sol. Para dormir, têm apenas um tapete de plástico, fino como uma revista".

Preparar o campo é a pior parte: Clarisse ajudou a cavar mais de 500 linhas de plantio, apenas com seus músculos e uma enxada, já que o agricultor não pode pagar por um boi e um arado. ‘Fico pensando qual será a próxima vez que ele gritará comigo e me baterá’, disse-me Clarisse”.

De Burkina Faso, o algodão orgânico – que segue uma exigência de qualidade imposta pela Victoria’s Secret –, vai para fábricas na Índia e no Sri Lanka, onde é transformado em tecido e, posteriormente, nas lingeries da grife.

A Victoria’s Secret compra algodão de Burkina Faso desde 2007 e, sobre o assunto, afirmou que não teve conhecimento sobre o estudo publicado em 2008 pela Federação Nacional do Algodão de Burkina. Um ano mais tarde, em 2009, a grife criou uma linha especial de peças de algodão para o dia dos namorados, com uma etiqueta especial, que dizia: “A Victoria’s Secret está comprometida a apoiar mulheres que possuem e operam pequenas fazendas em Burkina Faso, um país do oeste africano que luta contra a pobreza endêmica”.
 

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