Íntegra dos posicionamentos de BNP Paribas, Marfrig, JBS, Minerva, Société Generale, Bunge e Crédit Agricole

Respostas enviadas para a reportagem ‘Novas leis europeias fecham o cerco contra empresas que fomentam desmatamento no Brasil’
 28/11/2022

BNP Paribas

Em primeiro lugar, por razões de confidencialidade, não podemos comentar informações associadas aos nossos clientes. Mas agradecemos a oportunidade de trazer mais informações sobre as medidas tomadas por nosso Grupo para combater o desmatamento, no âmbito de nossas atividades de financiamento e investimento. O BNP Paribas tem pleno conhecimento de que a luta contra o desmatamento é uma questão prioritária, sobretudo para proteger a biodiversidade e agir contra a mudança climática. Assim, convencido de que as instituições financeiras desempenham um papel fundamental, o BNP Paribas está agilizando seus esforços para combater o desmatamento e preservar a biodiversidade como um dos principais atores econômicos, tanto individualmente quanto através de iniciativas coletivas.

É por isso que, já em 2010, o BNP Paribas foi um banco pioneiro, ao implementar rígidas políticas de financiamento e investimento para fazer face aos riscos relacionados à agenda ESG, em setores de risco para as florestas (Agricultura, celulose de madeira e óleo de palma, por exemplo). Essas políticas são compromissos públicos obrigatórios assumidos pelo Banco e a sua aplicação mobiliza funcionários em todo o mundo. Elas têm sido continuamente reforçadas e assim continuará a ser feito com regularidade.

Com relação à questão específica do desmatamento ligado à soja e à carne bovina nas regiões da Amazônia brasileira e do Cerrado, política para o setor agrícola foi revisada em abril de 2021. Até o momento, por meio desse reforço, o BNP Paribas é o primeiro e único banco internacional a adotar exigências tão precisas, rígidas e tempestivas voltadas ao não desmatamento e à rastreabilidade.

Com um novo compromisso assumido em fevereiro de 2021, o BNP Paribas fortaleceu seus critérios de financiamento e investimento nos setores de soja e carne bovina na Amazônia e no Cerrado (Brasil) para acelerar o progresso de seus clientes em termos de combate ao desmatamento e garantia da rastreabilidade. Assim sendo, o BNP Paribas agora somente fornece produtos ou serviços financeiros a produtores de soja e carne bovina, frigoríficos e comerciantes relevantes que tenham uma estratégia para atingir o desmatamento zero em suas cadeias de produção e fornecimento no máximo até 2025.

Mais especificamente:

–   Para a Amazônia, o BNP Paribas não financia clientes que produzem ou compram carne bovina e soja de áreas desmatadas ou convertidas após 2008. Os clientes devem, portanto, fixar 2008 como a data limite na Amazônia, de acordo com a regulamentação e acordos setoriais.

–   Para o Cerrado, o BNP Paribas fará com que seus clientes se comprometam a não produzir ou comprar carne bovina ou soja em/de áreas desmatadas ou convertidas após 1º de janeiro de 2020, de acordo com as normas mundiais.

–   Para todos os clientes, o BNP Paribas exigirá total rastreabilidade das cadeias de fornecimento de carne bovina e soja (direta e indireta) até 2025. 

Paralelamente, o Grupo monitora as atividades dos produtores e comerciantes, solicitando a demonstração de seu progresso em pontos específicos até 2025: 

–   Aplicação da avaliação de risco de desmatamento e conversão de suas cadeias de fornecimento de carne bovina e soja;

–   Implementação de sistemas de monitoramento para mapear e rastrear suas cadeias de fornecimento de carne bovina e soja, diretas e indiretas, na Amazônia e no Cerrado;

– Relatórios regulares sobre o progresso quanto ao fornecimento de carne bovina e soja livres de desmatamento e conversão em suas cadeias de fornecimento; implementação de programas de engajamento de fornecedores para promover práticas de desmatamento zero;

–   Exclusão de fornecedores que contrariem sua estratégia de desmatamento zero;

–   Publicação ou fornecimento mediante solicitação dos critérios de não conformidade e das medidas a serem tomadas para a rescisão dos fornecedores que não atendam tais critérios.

No âmbito da sua política agrícola, seus clientes e seus progressos são avaliados anualmente. No caso de uma eventual inadimplência, as empresas são colocadas sob um monitoramento ou, em última instância, podemos decidir encerrar a relação caso descumpram os padrões e compromissos do Grupo.  

Assim, o BNP Paribas mantém um forte diálogo com seus clientes nos setores da soja e da carne bovina, para acompanhar e incentivar sua transição para atividades mais sustentáveis e responsáveis.

Essa política já gerou impactos positivos concretos, já que alguns atores de primeira linha com os quais o BNP Paribas estabeleceu um diálogo já adiantaram sua meta de desmatamento zero de 2030 a 2025.

Acreditamos que somente um compromisso coletivo poderá ser totalmente eficaz no combate ao desmatamento e no melhoramento das práticas dos grandes comerciantes agrícolas envolvidos no comércio de soja. Neste contexto, apenas deixar de financiá-los não teria nenhum impacto positivo em suas práticas, pois eles continuariam a contar com uma série de outros financiadores, o que seria em grande parte suficiente para que seus negócios continuassem. 

Além disso, o BNP Paribas no Brasil faz parte do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Ambos divulgaram declarações públicas coletivas sobre a necessidade de preservar a Amazônia brasileira.

Além das atividades agrícolas, o BNP Paribas está ciente da necessidade de implementar políticas eficazes para outros setores que apresentam riscos potenciais para as florestas e a biodiversidade. É por isso que, em maio de 2022, o Grupo decidiu fortalecer as exigências aplicáveis aos projetos de seus clientes na região amazônica e se comprometeu a excluir todos os financiamentos e investimentos em novos projetos de petróleo e gás (e infraestruturas relacionadas) localizados nas zonas IUCN I a IV ou RAMSAR ou nas Nascentes Sagradas da Amazônia.

As políticas setoriais do Grupo recebem regularmente o reconhecimento de várias partes interessadas, como da Global Canopy em janeiro de 2021 em seu ranking ‘Forest500’. A ONG sediada no Reino Unido classificou o BNP Paribas entre as 5 melhores de 150 instituições financeiras avaliadas em termos de políticas de financiamento sustentáveis e critérios de desmatamento em uma ampla gama de setores de commodities agrícolas.

Em relação à questão 4 sobre a aplicação dos Princípios do Equador

Desde 2020, o BNP Paribas vem aplicando a 4ª versão dos Princípios do Equador (EP4), após ter participado ativamente de seu processo de atualização. Gostaríamos de destacar o fato de que o PE se aplica apenas ao Project Finance. As classificações A B e C não se baseiam em setores específicos, mas sim em projetos específicos. Se nos fosse solicitado o financiamento de projetos no campo da soja e da carne bovina, o PE seria de fato aplicável, e a avaliação seria feita de acordo com as diretrizes do PE.

Em relação ao tema do Dever de Cuidar na questão 1:  

Gostaríamos de sinalizar que, de acordo com seus compromissos de RSC, o BNP Paribas incluiu em sua abordagem de vigilância (“Duty of Care” (Dever de Cuidar), parte de nosso documento de registro universal 2021) vários riscos, incluindo o de danos ao meio ambiente e, em particular, a questão da deterioração dos ecossistemas e da biodiversidade.

Marfrig

1) A Marfrig não assinou o TAC da Carne em todos os estados da Amazônia Legal, embora publicamente diga que todas as suas unidades cumprem com os requisitos deste acordo. A empresa quer se manifestar?

R: Em 2010, a Marfrig assinou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da pecuária, junto ao Ministério Público Federal em Mato Grosso, envolvendo toda a Amazônia Legal e abrangendo os mesmos critérios preconizados no compromisso público da Amazônia, assinado no ano anterior junto ao Greenpeace.

Ou seja, desde 2009, a companhia se comprometeu a não adquirir animais provenientes de áreas de desmatamento, terras indígenas, unidades de conservação, áreas embargadas pelo Ibama e fazendas com condições de trabalho análogas à escravidão. Esse compromisso é objeto de auditoria de terceira parte anualmente, para a qual os resultados são de conformidade em todos os critérios. Esses relatórios são públicos e estão disponíveis no site da Marfrig.

Portanto, tanto o TAC no Mato Grosso (2010) quanto o pacto anterior assumido pela Marfrig (2009) fazem com que a política de compra de gado da empresa seja replicada para todos os estados localizados na Amazônia Legal, o que incluiu o Pará (enquanto a Marfrig manteve operação nesse local). Vale ressaltar, no entanto, que a Marfrig não origina mais animais nesse estado desde março de 2020, quando encerrou suas operações no Pará.

Em 2010, a Marfrig implementou um sistema de geomonitoramento via satélite que rastreia 30 milhões de hectares, uma área maior do que o Estado de São Paulo. Ao longo dos anos, esse sistema vem se aprimorando e, desde 2020, com o Plano Marfrig Verde+, atinge com mais efetividade a cadeia produtiva como um todo, incluindo produtores indiretos.

Além dessas ações em curso ao longo de mais de uma década, a Marfrig participou ativamente do desenvolvimento do Protocolo de Monitoramento de Fornecedores de Gado na Amazônia, liderado pelo Ministério Público Federal e coordenado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora. Esse protocolo incorpora todos os critérios e requisitos do TAC, além de outros aspectos fundamentais que englobam a manutenção da biodiversidade daquela região. Dessa forma, a Marfrig atende, em sua política de compra, todos estes requisitos citados acima – compromisso com o Greenpeace, TAC da pecuária no MPF-MT e Protocolo da Amazônia.

2)Em 2017, a Marfrig foi condenada por oferecer suborno a inspetores de suas plantas de abate. A empresa quer se manifestar?

R: Não existe qualquer ação que trate de suborno à inspeção federal.  Existe, sim, uma ação judicial que ainda não transitou em julgado em relação a Marfrig e que questionou a sistemática de contratação de técnicos por parte da prefeitura de Tangará da Serra.

3)Nós analisamos os planos de devida diligência apresentados por bancos franceses que financiam a indústria da carne no Brasil, uma obrigação legal segundo uma lei da França. Entre eles, o BNP Paribas, que possui investimentos em ações e bond issuance na Marfrig, segundo levantamento da coalizão Florestas e Finanças. Neste sentido, solicitamos seus comentários sobre os seguintes fatos: 

a) O banco afirma em suas políticas que “não fornecerá produtos ou serviços financeiros a empresas (produtores de carne, embaladores, processadores e comerciantes) que não possuam estratégia para atingir o desmatamento zero em suas cadeias de produção e fornecimento até 2025. Mas a Marfrig anunciou planos de desmatamento zero até 2025 apenas para a Amazônia, enquanto em outros biomas a meta é 2030. Como a Marfrig explica essa contradição?

R: Vale lembrar que o compromisso da Marfrig com o desmatamento teve início em 2009 e, desde então, a empresa tem investido para desenvolver diversas ações nesse sentido que podem ser comprovadas.

No Plano Marfrig Verde +, lançado em julho de 2020, a Marfrig reafirma seu compromisso com o desmatamento e a conversão zero para todos os biomas ao longo de toda sua cadeia de fornecimento, envolvendo fornecedores diretos e indiretos. Para a Amazônia, a meta é 2025, sendo que até o momento já obtivemos 72% de controle de fornecedores indiretos. Para os demais biomas, cuja meta é 2030, a Marfrig vem fazendo todos os esforços para que essa entrega ocorra antecipadamente, tanto que, para o Cerrado, por exemplo, já obtivemos o índice de 73% de controle de fornecedores indiretos nesse bioma.

Ressaltamos ainda que a Marfrig já controla 100% de seus fornecedores diretos em todos os biomas.

b) O BNP também diz que “não financiará clientes que produzem ou compram carne bovina e soja em/para áreas desmatadas ou convertidas após 2008″ e que exige rastreabilidade completa de seus clientes. No entanto, para os produtores indiretos, o Grupo de Trabalho de Fornecedores Indiretos sugere a adoção de 2019 como data de corte para averiguar o desmatamento neste elo da cadeia e permite a tolerância de até uma fazenda desmatada entre fornecedores indiretos de frigoríficos. A Marfrig adota critérios diferentes dos sugeridos pelo GTFI? Em caso afirmativo, quais?

R: A Marfrig já adota a data de corte de 2008 para fornecedores diretos na Amazônia. Quanto aos indiretos, a companhia utiliza os critérios do GTFI, porém, com maior grau de restrição que as regras de boas práticas propostas por esse grupo, uma vez que aplicamos o protocolo a todos fornecedores indiretos, independentemente do tamanho da propriedade ou da quantidade de fornecedores que não estejam aderentes.

4- O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) abandonou um acordo de empréstimo com a Marfrig após pressões de organizações internacionais, pois não ficou satisfeito com o plano Verde+ após realizar o processo de devida diligência nesta estratégia. Isso coloca em dúvida outros investimentos que a empresa receba?

R: Conforme manifestação anterior à Repórter Brasil, em 5 de julho de 2022,  a Marfrig informa que a suspensão do processo de concessão de um financiamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ocorreu por decisão mútua em função de um desacordo entre as partes sobre as condições financeiras propostas e o parâmetro utilizado para a medição de emissões de gases do efeito estufa no escopo 3. A Marfrig tem suas metas baseadas em metodologia científica submetidas e aprovadas pela Science Based Targets Initiative, enquanto a instituição financeira trabalha com outras metodologias. A adoção da metodologia e dos critérios aceitos pelo SBTi é condição necessária para qualquer KPI (Key Performance Indicator) numa eventual operação financeira com a Marfrig.

A companhia reforça ainda que o Plano Marfrig Verde+ não foi um impeditivo para o prosseguimento da proposta junto ao BID. Qualquer informação diferente desta não é verdadeira.

5-A respeito dos investimentos específicos do BNP Paribas na Marfrig, gostaríamos que comentassem:

a- Em 2021, o BNP Paribas atuou como Joint Bookrunner e Underwriter em uma operação de emissão de bonds com fins corporativos gerais nos quais destinou US$ 61 milhões, além de ter adquirido a parcela de US$ 452 dos bonds. No final daquele ano, a Marfrig destacou como investimentos estratégicos realizados, a expansão de sua unidade de Várzea Grande, que em 2019 foi o destino de centenas de animais vendidos por um fazendeiro multado por desmatamento ilegal. A receita advinda do bond em questão foi utilizada na expansão desta unidade envolvida com ilegalidades anteriormente?

R: A informação de que a unidade de Várzea Grande (MT) tenha recebido animais de um fazendeiro que não cumpriria os nossos critérios socioambientais de compra não procede. Ressaltamos que, no momento de toda e qualquer negociação, verificamos a conduta dos fornecedores quanto a não desmatamento; não sobreposição com áreas embargadas, não sobreposição a Unidades de Conservação, não sobreposição a terras indígenas, e não constar em “lista do trabalho escravo”. Somente após a aferição desses critérios as compras são realizadas. Caso haja uma não conformidade, o fornecedor é bloqueado e a aquisição não é realizada.

Além disso, todas as unidades em operação no bioma Amazônia, inclusive Várzea Grande, foram auditados por terceira parte, sendo que os respectivos relatórios de auditoria são públicos.

b- Em 2019, a Marfrig lançou um bond que deveria marcar seu ingresso no universo dos green bonds (com o apoio do BNP). Mas de acordo com a Reuters, essa perspectiva foi abandonada diante da dificuldade da empresa de atender aos padrões que essa emissão exige. Ao invés disso, o título foi substituído por um “sustainable transition bond”, que refletiria de forma mais adequada os esforços da empresa de melhorar as práticas socioambientais em sua cadeia produtiva. A empresa confirma essa mudança?

R: A Marfrig ingressou efetivamente no universo dos green bonds naquele momento. À época, analisando as opções de Sustainability Bonds preconizados pelos “The Green Bonds Principles” e também pelo “Climate Transition Finance”, verificou-se que a operação mais adequada para aquele momento era justamente o “Sustainable transition bond”. A decisão veio, portanto, em função do grau de adequação da operação financeira com o propósito da utilização dos recursos.

c) Ainda segundo a Reuters, como não há regras claras para este tipo de bond (sustainable transition), o título da Marfrig estaria sujeito a abusos. Como o frigorífico vê essa afirmação?

R: A afirmação não procede. Há, sim, regras claras para a operação realizada. A operação da Marfrig seguiu os preceitos preconizados pelo Green Bond Principles. São eles: 1) Use of proceeds; 2) Processo for Projet Evaluation and Selection; 3) Management of proceeds e 4) Reporting — todos presentes no documento “Marfrig Sustainable Transition Bond Framework overview”, e cuja verificação foi realizada por meio de second party opinion efetivada pela Vigeo Eiris.

Reforçamos que, conforme parecer de second party opinion, o “Sustainable Transition Bond” está alinhado com os critérios core do Green and Social Bond Principles voluntary guidelines (June 2018) — dessa forma, é absolutamente improcedente a colocação de que a operação em questão estaria sujeita a abusos.

d) De acordo com o prospecto, a Marfrig esperava levantar US$ 495.978.000 com a oferta desse bond, já que US$ 4 milhões iriam para “despesas e comissões”. O prospecto também indica que os títulos de transição pagariam juros de 6,625% duas vezes por ano – em 6 de fevereiro e 6 de agosto – com início em fevereiro de 2020. Qual foi o valor pago ao BNP pelos serviços de Global Coordinator e Bookrunner? Como comprador inicial, o BNP recebeu remuneração em juros da oferta? Qual foi o valor desse pagamento?

R: A Marfrig não comenta valores envolvidos na contratação de serviços financeiros específicos.

e) O BNP Paribas também foi o Sustainability Advisor da operação. Quais eram suas tarefas e qual foi a remuneração paga por este serviço?

R: A Marfrig não comenta valores envolvidos na contratação de serviços financeiros específicos.

f) No prospecto do título, a Marfrig definiu que 100% das compras de gado financiadas pela emissão viriam de áreas ambientalmente corretas, ou seja, não viriam de fazendas desmatadas ou de fazendas que violam terras indígenas e unidades de conservação. Entretanto, ao listar os riscos da operação, a empresa admite que “algumas propriedades fornecedoras não atendem a estas leis e regulamentos ambientais”. De fato, um mês após a oferta pública do título de transição, a Repórter Brasil revelou que as instalações da Mafrig em Tucumã (no Estado do Pará) haviam recebido gado de um fazendeiro ilegal operando em uma área embargada. O embargo foi publicado no site do Ibama em janeiro de 2019, antes do lançamento do título no mercado financeiro. Como a empresa explica essa contradição nos próprios termos postos pela operação? A empresa avalia que está cumprindo com o que se propôs no prospecto do título?

R: A Marfrig reafirma que todas as suas compras somente são realizadas após verificar que as respectivas fazendas atendem 100% de seus critérios de compra, coibindo que a matéria prima adquirida seja oriunda de fazendas localizadas em áreas de desmatamento ou embargadas, unidades de conservação, terras indígenas ou mesmo com uso de trabalho escravo, de acordo com compromissos públicos assumido pela empresa.

Além disso, todas as unidades em operação no bioma Amazônia — inclusive Tucumã (PA) enquanto operou — foram auditados por terceira parte, sendo que os respectivos relatórios de auditoria são públicos.

Portanto a Marfrig ressalta que não há nenhuma ilegalidade nas operações de compra direta de gado na referida unidade.

g) O Parecer de Segunda Parte para esta operação, feito por Vigeo Eiris, indicou que a capacidade da Marfrig de administrar e mitigar os riscos ambientais e sociais associados às metas da emissão “não era totalmente confiável”. A Marfrig concorda?

R: A Marfrig tem plena consciência dos desafios da cadeia produtiva da pecuária e reconhece seu papel como importante agente de transformação para estimular os processos de produção, preservação e inclusão na cadeia pecuária brasileira.

Todos os compromissos ambientais divulgados pela Marfrig desde 2009 foram mantidos, e mais, ampliados — como pode ser visto no Plano Marfrig Verde +, lançado em julho de 2020, que possui uma visão clara para os próximos anos, tratando do abastecimento (fornecedores diretos e indiretos) em um cronograma progressivo disponível publicamente, para cumprir o compromisso de obter 100% do desmatamento da cadeia produtiva do Bioma Amazônia em 2025 e, em 2030, para os demais biomas.

Para as metas de emissão de gases de efeito estufa, principalmente escopo 3, a Marfrig é a única empresa do setor que incorpora a contabilização das emissões por fermentação entérica e agora utiliza também a metodologia FLAG (Forest, Land and Agriculture), publicada recentemente pelo SBTi (Science Based Target Initiative), entidade de autoridade mundial que aprovou as metas da Marfrig.

JBS

A JBS está comprometida com a sustentabilidade em todos os biomas em que opera e vem contribuindo com diversas iniciativas que têm o mesmo objetivo. O relatório da Repórter Brasil, no entanto, se baseia em um apanhado de informações e reportagens antigas, algumas de mais de cinco anos atrás, todas já devidamente respondidas pela empresa. Portanto, o levantamento não contribui com nosso objetivo comum de promover uma produção de alimentos cada vez mais sustentável.    

Entre as informações antigas e equivocadas está um estudo sobre as emissões de gases de efeito estufa de empresas do setor de carne e laticínios, incluindo a JBS. Os autores se basearam em relatório do IATP que já foi analisado e teve seus erros metodológicos estabelecidos, conforme documentos anexados, e da FAO, que também já foi desqualificado globalmente, inclusive com admissão dos autores sobre a falha metodológica. Também chama a atenção o número de referências bibliográficas antigas, chegando até 2004, com apenas uma referência de 2021 – não ligada à pecuária.

Portanto, qualquer conclusão a partir desse estudo seria equivocada. A JBS reconhece sua responsabilidade perante o desafio de descarbonizar a produção de alimentos, tanto que foi pioneira no setor ao assumir o compromisso de se tornar Net Zero até 2040. Vai cumpri-lo seguindo a ciência.

A Repórter Brasil também fez questionamentos sobre os esforços da JBS para expandir o monitoramento socioambiental para os fornecedores de seus fornecedores. A estratégia da Companhia segue as recomendações preconizadas nas Boas Práticas do Grupo de Trabalho de Fornecedores Indiretos – GTFI, organização multissetorial composta de diversos segmentos da sociedade, inclusive do terceiro setor e de universidades de renome internacional, demonstrando ser a mais recomendada e aceita pelos atores envolvidos nas questões conservacionistas relativas à pecuária no Brasil.

Minerva

POSICIONAMENTO

A sustentabilidade está no centro de nossa estratégia e é um pilar prioritário na Minerva Foods.

Como parte de nossas iniciativas para combater as mudanças climáticas e proteger os ecossistemas, anunciamos, em 2021, o nosso Compromisso com a Sustentabilidade, focado na descarbonização da cadeia produtiva e no combate ao desmatamento ilegal. Atualmente, monitoramos 100% dos nossos fornecedores diretos no Brasil e no Paraguai, 90% deles na Argentina e mais de 40% na Colômbia.

Destacamos que obtivemos os melhores resultados entre as empresas líderes do setor na última auditoria do Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA). Esta auditoria é a única verificação de terceira parte da cadeia com a supervisão do MPF, sendo a principal e mais confiável avaliação do controle de desmatamento na Amazônia por parte dos frigoríficos. 

Reiteramos, ainda, que o mesmo compromisso e práticas adotadas na região do Pará são replicadas em todas as regiões em que mantemos operação e comercialização com fornecedores diretos.

Com foco no monitoramento das fazendas fornecedoras indiretas, o maior desafio de todo o setor, demanda não apenas investimento em ferramentas, mas também o engajamento de toda a cadeia de valor para garantir a rastreabilidade completa do gado. A maior dificuldade para o avanço neste desafio ainda está relacionada à falta de acesso ou mesmo inexistência de dados oficiais para a verificação de outros níveis da cadeia de valor.

Temos como meta desenvolver e implementar um programa de monitoramento em todos os países de operação na América do Sul até 2030.

De forma pioneira no setor, avançamos com medidas para avaliar e monitorar a cadeia de fornecedores indiretos com o Visipec, uma ferramenta que funciona de forma complementar e que avalia riscos relacionados a esses fornecedores. Desde 2020, realizamos testes com a tecnologia desenvolvida pela National Wildlife Federation NWF, em parceria com o Gibbs Land-Use and Environment Lab da Universidade de Wisconsin-Madison (“UW”), e que atualmente é gerenciada pela National Wildlife Federation (NWF). Os resultados demonstram conformidade de 99,7%, e analisaram 2.833 fornecedores indiretos e 1.740 fornecedores diretos – uma relação total de 1,6 fornecedor indireto para cada fornecedor direto da operação.

Adicionalmente, entendemos que o esforço para combater o desmatamento ilegal deve ser coletivo e para engajar a cadeia produtiva nesse movimento, lançamos o SMGeo Prospec um aplicativo que coloca na palma da mão do produtor rural a mesma tecnologia que utilizamos para monitorar nossos fornecedores diretos, incentivando que nossos parceiros também avaliem a conformidade socioambiental de seus próprios fornecedores na tomada de decisão.

Seguimos com esforços contínuos em melhorias de nossos processos e sistemas, buscando tecnologias que possam agregar à rastreabilidade da cadeia. Somado a isso, trabalhamos em conjunto com organizações independentes, entidades e associações que apoiam o desenvolvimento sustentável da pecuária no Brasil e nos demais países em que mantemos operações, orientados pelas melhores práticas produtivas e que respeitem o meio ambiente e a sociedade.

Société Generale

Societe Generale Group is highly concerned by the negative impacts of deforestation on local communities, water resources, biodiversity, soil fertility and, on a global scale, climate change.

The Group has published 9 sector wide Environmental & Social policies ; you will find the Agriculture, fisheries and agri-food policy here.

From publication of this policy until the end of 2022, the Group has engaged with its existing corporate clients active in the most sensitive sectors as regards deforestation to assess their strategies to tackle deforestation. And, according to the section 5.3 of the Agriculture, fisheries and agri-food policy, Societe Generale has committed, from 2023, to only provide financial products and services to clients with a commitment to deforestation – and conversion-free activities (own operations and supply chain) and that are committed to establish and systematize traceability in their value chain and able to report progress in terms of scope of implementation and/or percentage of achievement on an annual basis.

Since Feb. 2022, the publication date of the Agriculture, fisheries and agri-food policy, the Group refrained from onboarding prospect companies active in palm oil or South American soy and cattle sectors that are not committed to deforestation – and conversion-free activities (own operations and supply chain) nor committed to establish and systematize traceability in their value chain.

Regarding Sustainability-Linked Loans & Bonds, you will find further information on our website, we also confirm that we follow market standards (SLL Principles) in the structuring and analysis of Sustainability-Linked Loans.

In terms of Ethics & Governance, Societe Generale has published a Group’s transversal statement on Human Rights. The Group is committed to the respect and promotion of human rights, as one of the foundations of its E&S Risk management system. Societe Generale is aware of its role in preventing serious human rights breaches, both in its activities and for the risks directly associated to its purchases or its products and services. The Group has enshrined the respect and protection of human rights in its Code of Conduct and in its E&S General Principles and develops E&S Sector Policies, processes and operational procedures to implement these commitments towards human rights.

Bunge

Bunge´s commitment to be free of deforestation and native vegetation conversion in the value chains in 2025 is a central part of company’s business strategy and planning and encompasses geographies where deforestation is considered a higher risk; such as areas in Brazil’s Cerrado.

Bunge does not source soy from illegally deforested areas and, in priority regions in Brazil, has leading traceability and monitoring data of its direct and indirect purchases – we have over 12,000 farms monitored, reaching more than 16 million hectares. Our monitoring uses cutting-edge satellite technology and is capable of identifying changes in land use and soy planting on each of the farms we source from. We also check whether the farm has capacity to provide the volume that has been purchased.

Regarding our operations in the Amazon biome, we have strictly followed the procedures of the Soy Moratorium since its inception. In all audits carried out by the initiative, performed by third parties, Bunge was 100% in compliance with the commitment. 

Bunge is committed to a sustainable supply chain and to respect current legislation. Through its Supplier Relationship Policy, the company maintains strict control of social and environmental criteria over its operations in Brazil. The monitoring actions include daily and automatic checks on the available noncompliance public lists of embargoed areas and the Ministry of Labor and Social Security as well as the Soy Moratorium, besides other legal requirements and formally assumed commitments.

We also make our expertise and technology available to our partners. In 2021, the Company launched Bunge Sustainable Partnership, an unprecedented program that helps resellers implement supply chain verification systems, including satellite and farm-scale images in the Cerrado region of Brazil. Resellers can adopt independent imaging services or use Bunge’s geospatial monitoring structure at no cost. With the engagement of resellers, Bunge, which already has approximately 64% of traceability and monitoring of its indirect purchases in the Cerrado, expects to reach 100% in 2025. 

Bunge is committed to reaching deforestation-free supply chains in 2025. We were the first to announce the most ambitious commitment at our scale in our industry and we will continue to use our market position to lead the industry’s progress in this direction. This commitment extends to all regions where we operate including our direct and indirect sourcing. 

Using our protocols, Bunge is a leader in supplying deforestation-free products to the market, going beyond current consumption demands. Our soy certification portfolio includes the Round Table on Responsible Soy (RTRS), Biomass Biofuel Sustainability Voluntary Scheme (2BSvs), ProTerra, among others. 

We also aim to be an accountable leader within our industry, helping to raise the bar on our sector’s performance by regularly tracking and disclosing progress on our commitments and performance. Since 2016 we have been publishing regular updates about traceability and our non-deforestation commitment. We are the only company in our sector to produce these reports and over this length of time. Our latest progress report for soy can be viewed here.  

Bunge will continue to work to advance leading standards and to develop practical and sustainable approaches. This is part of our strategy, and we will remain committed to this journey.

Crédit Agricole

La politique de Crédit Agricole SA consiste à ne pas commenter les chiffres donnés par les ONG. Afin d’évaluer ce que représente le montant que vous citez dans le portefeuille de Crédit Agricole, nous vous invitons à consulter le Document d’enregistrement universel de CACIB (lien ici) ou vous trouverez les prêts bruts à la clientèle qui se montent à 168Md€ en 2021.

Crédit Agricole CIB est la première banque française à avoir adhéré au Principes d’équateur, à leur lancement en 2003. Ces Principes constituent un engagement volontaire à procéder à une analyse détaillée des aspects environnementaux et sociaux de chaque nouveau financement ou mandat de conseil relatif à un projet et à exiger que les projets soient développés et exploités en conformité avec les standards environnementaux et sociaux de la Société Financière Internationale. La politique générale RSE de CACIB est disponible ici

Crédit Agricole CIB a adopté des politiques sectorielles RSE qui explicitent les critères environnementaux et sociaux pris en compte dans les politiques de financement de la Banque. Ces critères reflètent essentiellement les enjeux sociétaux qui ont été identifiés comme les plus pertinents pour une banque de financement et d’investissement, notamment en ce qui concerne le respect des droits humains, la lutte contre le réchauffement climatique et la préservation de la biodiversité. 

Nous vous invitons à prendre connaissance de la politique sectorielle Forêt et Huile de palme de CACIB disponible ici.

CACIB suit les principes « Sustainable Linked Loans Principles » disponible via ce lien Sustainability Linked Loan Principles.  

Les politiques sectorielles RSE publiées par Crédit Agricole SA et disponibles sur notre site sans la rubrique RSE explicitent les critères sociaux, environnementaux et sociétaux introduits dans les politiques de financement et d’investissement. Ces critères concernent notamment le respect des droits humains, la lutte contre le changement climatique et la préservation de la biodiversité. 

Le Crédit Agricole ne souhaite pas commenter l’affaire citée en objet.



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