No Labirinto: resgate de babá filipina impulsiona combate à escravidão doméstica

O sexto e último episódio do podcast No Labirinto conta a história de Lilian, babá de origem filipina vítima de trabalho escravo na casa de uma família da capital paulista; Caso foi vital para que Ministério do Trabalho reforçasse fiscalizações em âmbito doméstico no país
Por Repórter Brasil
 17/06/2024

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EM JULHO DE 2017, um caso de trabalho escravo envolvendo uma babá de origem filipina, contratada por uma família de um bairro nobre da capital paulista, ganhou as manchetes dos jornais. Além de fazer jornadas de até 18 horas diárias e ser trancada pelos patrões em casa, ela chegou a se alimentar com ração de cachorro para não passar fome. 

A repercussão foi tamanha que a inspeção do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) reviu sua linha de atuação. “Antes disso, o ambiente doméstico não era foco do combate ao trabalho escravo”, afirma a auditora-fiscal Lívia Ferreira. 

Sete anos depois, os flagrantes de escravidão em casas de família somam 43 dos 248 novos nomes relacionados na atualização divulgada em abril da chamada “lista suja”, como é conhecido o cadastro oficial do MTE sobre os empregadores responsabilizados por essas infrações. 

A história da trabalhadora filipina de nome Lilian é o tema do sexto e último episódio de No Labirinto, programa da Rádio Batente, a central de podcasts da Repórter Brasil. Em entrevista exclusiva, ela narra como conseguiu fugir da casa na zona oeste de São Paulo e denunciar uma agência internacional investigada por tráfico de pessoas.

Lilian relata que, após ser trancada no apartamento pelos antigos patrões, percebeu que sua vida estava em risco. “Eu chorava, estava muito sensível. Aí fiquei pensando: e se eu pular do sétimo andar?”, desabafa. 

A denúncia feita por Lilian foi crucial para a condenação de Leonardo Ferrada, responsável pela Global Talent, agência especializada na contratação de domésticas estrangeiras. Babás fluentes em inglês estavam entre as profissionais trazidas pela empresa, para ajudar na criação de crianças de bairros de elite. A Justiça do Trabalho sentenciou o empresário ao pagamento de uma indenização de R$ 2,8 milhões. 

Na época, procurado pela Repórter Brasil, Ferrada se manifestou através de nota enviada pelo seu advogado, na qual afirmava que iria recorrer da sentença. “Temos pleno respeito à decisão judicial, contudo, reafirmamos a total inocência da empresa Global Talent”.

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Ficha técnica No Labirinto

Direção, roteiro e apresentação: Claudia Jardim

Produção: Igor Ojeda

Desenho sonoro e mixagem: Niquini Júnior

Ilustração: Kael Abello – Utopix 

Edição de vídeo: Bruna Damin

Redes Sociais: Tamyres Matos e Beatriz Vitória

Coordenação: Carlos Juliano Barros

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