Em mais uma ação que visa pressionar a Fifa, Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e ex-alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, e John Ruggie, ex-representante especial da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos, enviaram uma carta ao presidente da entidade, Joseph Blatter, em que pedem medidas para evitar violações em grandes eventos de futebol.
Datada de 11 de junho, a mensagem cobra que a Fifa e suas empresas parceiras, como os patrocinadores da Copa, integrem efetivamente políticas de direitos humanos a seus processos decisórios. A articulação para o envio da carta foi feita pela ONG britânica Institute for Human Rights and Business (IRHB), da qual Robinson e Ruggie fazem parte do corpo diretivo.
Parceira da Repórter Brasil, o IRHB lançou neste mês a plataforma online megasportingevents.org, disponível apenas em inglês. O trabalho tem como objetivo levantar episódios de violação, compartilhá-los e propor recomendações a governos e empresas. A Repórter Brasil produziu os estudos referentes ao Brasil que estão disponíveis no portal.
Plataforma online
O site traz informações, por exemplo, sobre as 14 mortes de trabalhadores nas obras para as Olimpíadas de Atenas, as 10 nos jogos de Pequim e as sete nas arenas construídas para o Mundial de Futebol do Brasil. Ou ainda sobre os 44 nepaleses migrantes que morreram em 2013 em obras relacionadas a projetos da Copa do Mundo do Qatar, em 2022.
No Brasil, a Repórter Brasil aponta que Copa – e também as Olimpíadas – trazem riscos principalmente a seis grupos de direitos humanos: direito ao trabalho decente, direito das crianças e dos adolescentes, direito ao protesto, direito dos stakeholders, direito à moradia e direito dos migrantes.
Como mensagem geral, IHRB e Repórter Brasil acreditam que os governos que sediam megaeventos esportivos têm o dever de criar salvaguardas para evitar violações em todas as fases, da preparação do evento até o que fazer com seu legado.
Organizações esportivas, organizadores locais, patrocinadores e empresas também têm responsabilidade para com as comunidades anfitriãs e a sociedade em geral para que os maiores padrões internacionais de direitos humanos sejam respeitados. Esses princípios foram inseridos na carta agora enviada por Robinson e Ruggie a Blatter.
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