As reformas pró-mercado no pré-sal são defendidas pelo governo Michel Temer. “Se não fizéssemos mudanças, deixaríamos o petróleo debaixo da terra e perderíamos riqueza”, destaca um assessor presidencial à Repórter Brasil.
De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Petróleo (ABESpetro), a paralisia nos investimentos na cadeia produtiva de petróleo e gás levou à perda de 510 mil empregos entre fornecedores e prestadores de serviço, desde 2012. Por outro lado, para cada US$ 1 bilhão investido no setor, são criados 25,6 mil empregos.
A mudança das regras do setor de petróleo é um dos feitos alardeados por Temer em encontros com empresários nos últimos meses. O presidente, que discute se reeleger ao cargo, tem batido na tecla de que a regulação atrairá um novo ciclo de investidores.
O secretário de petróleo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Félix, aponta que, com o novo marco regulatório, instituído em razão do impeachment da presidente Dilma Rousseff, as áreas de petróleo, gás natural e biocombustíveis já têm investimentos garantidos em torno de R$ 800 bilhões até o fim da próxima década, com projetos anunciados ou contratados pelo governo desde maio de 2016.
Segundo Félix, investidores estrangeiros também discutem erguer uma refinaria com capacidade para processar até 250 mil barris por dia no Nordeste, uma área controlada hoje pela Petrobras, que detém 99% do segmento. Há conversas em andamento – lideradas pelos governos estaduais e com participação do ministério – com chineses, coreanos, indianos e iranianos.
Ouro negro
O Brasil ingressou no mapa das principais províncias petrolíferas do mundo em 2007, com a descoberta pela Petrobras da camada pré-sal, considerada uma das maiores da indústria de óleo e gás no mundo nos últimos 40 anos. A camada pré-sal fica localizada em uma área de cerca de 800 quilômetros de extensão por 200 quilômetros de largura, no litoral entre os Estados de Santa Catarina e Espírito Santo.
Estima-se que haja mais de 50 bilhões de barris de petróleo recuperáveis nessa região. Em dez anos da descoberta, a extração de petróleo na camada já responde por metade do combustível fóssil extraído no Brasil.
Em dezembro de 2017, a produção de petróleo e gás natural em águas profundas atingiu 1,685 milhão em barris de óleo equivalente, o que corresponde a 50,7% da produção total do Brasil. Uma das razões é a alta produtividade aliada ao baixo custo de extração. A produtividade média por poço em operação comercial na Bacia de Santos gira entre 25 mil e 30 mil barris de petróleo por dia, maior que a registrada no Golfo do México e no Mar do Norte, 10 mil e 15 mil barris, respectivamente.
O Brasil precisou de 40 anos para chegar à extração de 800 mil barris por dia. Na Bacia de Campos, esse mesmo volume de produção foi alcançado em 24 anos, com 423 poços. No pré-sal, bastaram 39 poços, o que mostra sua alta produtividade.
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O resultado irá crescer nos próximos anos e posicionará o país como um dos maiores acréscimos de oferta de petróleo no mundo nas próximas duas décadas. Em outubro do ano passado, o Brasil licitou oito blocos em águas profundas do pré-sal, atraindo interesse de gigantes do setor e resultando em uma arrecadação de R$ 6,15 bilhões aos cofres públicos.
Projeções da Agência Internacional de Energia (AIE) apontam que o Brasil terá a maior curva de aumento da produção no mundo fora dos países que integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). As estimativas da AIE apontam aumento na produção dos atuais 2,6 milhões de barris para até 5,2 milhões de barris por dia em 2040. Isso corresponde a 27% do crescimento mundial na extração de petróleo durante esse período.